domingo, 20 de junho de 2010

NO RITMO DA COPA (UMA PARTIDA DE FUTEBOL)


Tem uma música e um filme com esse nome. Se tivesse sido feito no Brasil, o diretor teria tido um motivo óbvio de inspiração: A Copa do Mundo. Porque aqui, por esse lado dos trópicos, tudo pára quando a seleção vai jogar neste super campeonato disputado de quatro em quatro anos. As portas do comércio fecham do Nordeste ao Rio Grande do Sul, nos hospitais não cuidam nem de unha encravada, os ônibus ficam nas garagens e nos puteiros as donzelas fecham as pernas pois não aparece ninguém para pagar uma cerveja.
Enquanto estou escrevendo a Copa está em andamento. Os times, não sei se é porque melhoraram as defesas ou pioraram o ataque, até este momento estão com uma dificuldade tremenda pra fazer gols. Só dá 1 a 0, 1 a 1, 0 x 0 e com muita sorte saem dois pra um lado só. A Alemanha, querendo ser a exceção da regra, arrretou-se e enfiou 4 nos Australianos, que entendem muito mais de Canguru do que de bola.
Se o Brasil passar pela Costa, navegar num mar de tanquilidade em cima de Portugal e passar de fase, da outra fase, de mais outra e chegar as semifinais e final, será campeão. Hexa. Vai se igualar ao time do Náutico antes do Sport. E aí a terra brasileira vai parar.
Imagine isso acontecendo e os heróis chegando. O presidente Lula irá recebê-los no aeroporto levando Dilma a tiracolo e a ex-ministra será toda sorrisos, abraçando e beijando Robinho, Kaká e companhia sem nem aparentar a irritação com o cheiro do sovaco.
Serra, fora do poder, dará apenas uma entrevista na televisão e será enfático: “Foi campeão porque teve técnica, raça, vontade, determinação, etc, etc, mas tenho certeza de que o Brasil pode mais”, irá sentenciar o tucano, com a praticidade de sempre.
Até Marina Silva, gente, não desperdiçará a oportunidade de tirar uma lasquinha na vitória brasileira. Segundo ela, legítima representante do Partido Verde e Amarelo, o selecionado bem treinado pelo Dunga conseguiu um triunfo ecologicamente correto, sem desmatar, longe das queimadas e evitando a poluição com as jogadas verdadeiramente limpas dos seus craques.
Aqui no Garanhuns, Seu Luiz da Farmácia, que garantem os assessores conseguiu destravar, irá acelerar de vez: começará a obrar tanto depois de julho que elegerá de uma fornada só o Iza Régua, o Zé do Candeeiro e o Leonardo dos Dias e das Noites. Não adianta nem especular a quem ele deu realmente seu voto: todos irão se beneficiar da maravilhosa conquista de mais um mundial.
Viviane, tá toda assanhada, só fala em Robinho. Estou até com medo de perder as estribeiras, dar uns cascudos nela e terminar parando na delegacia da mulher. Denunciado pela própria namorada, só falta esta no meu currículo: levar uns esporros de uma mulher com autoridade policial.
Ainda bem que é só um mês e depois a gente vai se esbaldar no Festival de Inverno. Estão anunciando aí que este ano vai ser um arraso: já estão garantidos os paralamas de um fuscão preto, os móveis coloniais de uma loja de Aracaju e os craques de uma partida de futebol. Chiii! Dessse jeito vai ter mais Copa durante o FIG.
Vamos pra debaixo do cobertor Viviane, que o frio tá de lascar.

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