quinta-feira, 25 de abril de 2013

A VIDA É BELA



O Festival de Inverno vem aí e tomara que venha o Caetano, embora a Viviane prefira e Lucas & Mateus, a dupla de evangelistas.

Preocupado estava eu, porque com a falta de chuvas pensei com meus botões que este ano ia ser Festival de Seca, tendo como principal atração o tomate, que andou sendo capa de revista e jornal, o legume estava com mais nome do que o Ney Matogrosso.

Mas agora choveu e está fazendo frio, a cidade ficou tão bonitinha que todo mundo botou uma foto de chuva, ou da terra da garoa, como vocês quiserem, no tal facebook.

Vixe Maria como o povo tá viciado nesse tal de face. Eu conheço um rapaz, morador de Caetés, que não faz mais nada na vida porque toda hora tá na rede social. Acorda vai pra o computador, bota foto dele, da mulher, dos filhos, do cachorro, da gata, do guarda roupa... Não sossegua um minuto.

Vocês podem até não acreditar, mas até quando vai pro banheiro esse amigo meu leva o notebook pra não sair do face. Sei não, desconfio até que ele não cumpre seu dever de casa com a patroa, pois muito mais importantes na sua vida são os milhares de amigos virtuais.

Sim, porque muitas pessoas fazem questão de ter mais de um milhão de amigos, tornando superada aquela música de Roberto Carlos de 10 mil anos atrás. Se cada amigo do face depositasse 1 real na minha conta eu ficava milionário e mandava o jornal e a internet pra puta que o pariu.

Voltando ao glorioso Festival de Inverno de Garanhuns, mais importante do que a Copa das Confederações e outros eventos menores, estou cheio de esperança de que este ano vão arrebentar. Do jeito que Izaías é impetuoso se brincar ele traz o Caetano, a Betânia, Gal, Gilberto Gil e até o espírito de Dona Canô, para nos iluminar.

Tem tudo pra ser uma baita festa e eu não vou perder um dia. Estarei com minha Viviane, no meio de mundiçal. Não importa a chuva nem o frio, quando meu ídolo ou minha ídola estiver no palco vou abraçar minha namorada, ficar bem coladinho, tascar-lhe um beijo no pescoço de arrepiar e feliz da vida vou cantar para os quatros cantos do mundo “como é grande meu amor por você”.

Ah Garanhuns! Eita Festival de Inverno! Com vocês e a Viviane é tudo de bom e a vida é bela.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

ABANDONO DO LAR

Essa história quem chegou contando em casa foi a Viviane, depois de tê-la ouvindo na salão de beleza de Salete, no bairro de São José. As amigas narraram tudo em detalhes, como se comentassem alguma novela da Globo, porque as meninas que frequentam a Sassá são apaixonadas por casos de amor, extravagâncias sexuais e anomalias gerais envolvendo a cabeça, o coração e outros órgãos humanos.

O caso é que um tal de Alfredo, senhor dos seus mais de 40 anos, morador de um distrito Caruaru, terra de Vitalino, José Condé e toda família Lyra, teve a ousadia de casar com uma moça de nome Doralina. Pobre, apenas 16 anos de idade, a menina tem o rosto bonito, cor morena e umas pernas grossas capaz de fazer qualquer traseunte da Avenida Santo Antônio torcer o perscoço se ela estiver de visita por aqui. Quem não quer olhar umas coxas daquela neste mundo dominado pela sensualidade e os homens cada vez mais convencidos de que a carne é fraca?

Entonce que o casamento entre Alfredo e Doralina aconteceu com a autorização dos pais e o jovem casal teve direito até a lua de mel, passada no Hotel Tavares Correia, nesta aprazível cidade de Garanhuns. Só não foi melhor porque a cidade estava quente demais, parecendo Recife ou Olinda, sem fazer jus ao título de “Cidade do Clima Maravilhoso”. E ainda tinha muita muriçoca, um inferno na hora de dormir e de rezar.

Depois da atribulada lua de mel os apaixonados voltaram para a vila em que moravam e começaram a viver a labuta de todos do lugar. Ele trabalhando no campo, com dificuldades para plantar e vender uma rês, pois a seca devora tudo e está difícil seguir em frente nesse Nordeste castigado pela ira do senhor. Aqui uso as palavras de um pastor de uma dessas igrejas evangélicas e também de alguns padres católicos.

Eles, os padres e pastores, acreditam que tanta estiagem e sofrimento só pode ser castigo porque os homens só pensam em pecar, não querem mais saber de igreja nem dos 10 mandamentos. Estão roubando, matando e principalmente cobiçando a mulher do próximo. Depois dessa invasão de motos e moteis por todo canto virou um cabaré só, uma nova Sodoma e Gomorra, daí o castigo divino de não chover mais e tudo parece que vai se acabar.

Bom, isso é conversa dos crentes, e vai ver que têm razão, embora não expliquem porque em São Paulo, no Rio de Janeiro e nos outros estados brasileiros fora da região Nordeste a chuva tá sobrando. Se trouxesse um pouquinho de lá pra cá tava tudo resolvido. Não quero aqui contestar a fé de ninguém e graças a deus acredito em Deus. Mas por que em Sampa chove tanto? Será que lá eles não pecam? Tenho uma prima morando por lá e ela agarante que a safadeza na Ipiranga, Avenida São João, Paulista e todos os buracos da Paulicéia é maior do que em qualquer canto do mundo.

Mas estamos fugindo do assunto, nos preocupando com religião e psicologia quando não entendemos nada de nenhum dos dois assuntos. Mania de brasileiro querer entender de tudo. Vamos deixar isso pra lá e terminar a história do nosso Romeu e nossa Julieta de Caruaru.

Os pombinhos viveram juntos 1 ano e 2 meses e depois ela saiu de casa toda vexada, como quem tá insatisfeita e não voltou mais. Voltou a morar com os pais deixando o Alfredo triste e sozinho.

Ele implorou, apelou, prometeu ceus e terra e nada. A menina disse que ia chegar aos seus lindos 18 anos longe dele.

Alfredo, então, numa atitude drástica, procurou o jornal mais lido de Caruaru e pagou uma nota comunicando que tinha sido abandonado pela esposa. E deu um prazo de 30 dias para Doralina voltar. Caso contrário estaria configurado o abandono do lar. Assim ela perderia todos os direitos: da casa, dos braços, da moto, do cavalo e das duas vacas magras que restavam...

Umas amigas procuraram Julieta, digo Doralina, e tentaram convencer a bichinha a rever sua posição. “Tu vai perder todos os direito, é mulé?”, questinou Maria José, mais experiente, já tendo passado dos 20 e mãe de três molecotes: Zezinho, Alvinho e Antonico.

Então a esposa de Alfredo abriu o seu coração, revelou o segredo que vinha guardando das amigas, dos pais e até de Nosso Senhor: o marido tinha alguma coisa errada na cabeça lá dele e seu comportamento era totalmente estranho. Só pensava na lida do campo, chegava em casa cansado, nem se lembrava de tomar um banho e ia dormir cedo da noite, sem acompanhá-la no assistimento da novela.

- Meu marido em 1 ano e 2 meses de casado só fez o seu dever de casa três vezes. Mesmo assim todo amolecido, sem graça, como se tivesse comendo um prato de maxixe com chuchu. Eu subindo pelas paredes e ele inerte, como se já tivesse morrido. Quanto mais eu insistia, mas ele ficava molenga e preguiçoso sem dá atenção a mim. Eu vou lá viver com um home desses? Não voltou de jeito nenhum.

Todas depois de sabedoras da verdade deram razão a Doralina e chegaram a conclusão de que ela não tinha perdido o juízo coisa nenhuma. Se faltava juízo em alguém não era na moça. “Como é que ele ainda tem coragem de botar um aviso no jornal daquela maneira?”, comentou Solange, agora toda solidária a amiga.

É. O caso é complicado e a carne é fraca mesmo. Tanto a do homem como a da mulher. Moral da história é que Doralina prefere pecar, mesmo correndo o risco da seca no Nordeste continuar, como castigo de Deus.