quarta-feira, 23 de junho de 2010

DIZ AÍ, GALVÃO!

Pela movimentação da internet nos últimos dias, achei que Galvão Bueno fosse uma unanimidade. Não dou a mínima para ele, assim como não presto atenção a qualquer outro comentarista esportivo. Todos, sem exceção, me dão sono. Certamente, o problema não são os jornalistas, mas o jogo de futebol em si. Eu tento ficar acordada, mas sucumbo facilmente ao cochilo. Ou, então, aproveito o tempo para ler algo interessante.

O surpreendente nisso tudo é que, conversando com diversas pessoas, descobri muitas que gostam do Galvão Bueno. Se essa turma entende de futebol, eu não sei. Mas elas o defendem, simplesmente gostam dele. Também observei a audiência elevada da Rede Globo durante a estreia do Brasil na Copa. Por que as pessoas não migraram em massa para a Band? Costume? Não sei. Mas elas tinham opção, certamente.

Antes víamos nos estádios algumas placas com mensagens "filma eu aqui, Galvão". Aos poucos, foram substituídas por outras mais ofensivas. Depois, a torcida se uniu para gritar contra ele e tudo virou uma enorme gozação. Culminou com a campanha na internet, onde o transformaram num pássaro em extinção para conquistar adesão dos estrangeiros ao movimento "Cala a Boca Galvão". A estratégia é hilária e bastante criativa, coisa mesmo do espírito brasileiro e das brincadeiras típicas do futebol.

No entanto - e agora começo a correr riscos -, morro de medo de movimentos engraçados que me levem a alguma forma implícita de autoritarismo. Sou formada em Jornalismo nos anos 80, pouco após reabertura política do país. O símbolo da mordaça amedrontava. Queria ver hoje, na internet, um movimento forte e tão bem elaborado para denunciar corruptos, por exemplo. Mandar calar a boca deste ou daquele profissional de mídia não seria uma forma engraçada de censura a um jornalista ou a um veículo de comunicação? Certamente deve ser apenas uma neura passageira de minha parte. Ou não?

Parece que o próximo da lista do movimento "Cala a Boca" será o jornalista Marcio Canuto. Na minha emissora de TV, caso eu tivesse uma, certamente ele não trabalharia. Mas ele está há anos na Rede Globo e pesquisas devem apontá-lo como um profissional querido. Quando ele aparece, abaixo o volume ou troco de canal. Podemos promover em casa o Cala a Boca Faustão, Silvio Santos, William Bonner, Luciano Huck, Marília Gabriela, Hebe Camargo....nós temos esse poder. E ele se chama controle remoto.

* Artigo escrito por Lucia Faria, jornalista, pós-graduada na Universidade de São Paulo (USP) em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas. Com mais de 20 anos de experiência no mercado, comanda desde 2002 sua própria agência, a Lucia Faria Inteligência em Comunicação. Publicado originalmente por Ricardo Noblat.

Um comentário:

  1. A Jornalista não perdeu o costume e a oportunidade para demonstrar claramente o seu preconceito aos nordestinos,pratica comum a maioria da mídia.Todos nós sabemos que o Canuto com seu jeito ESPONTÂNEO e alegre, representa grande parte do nosso povo.

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