quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O MINISTÉRIO FEMININO

Dilma se elegeu e já se especula quem serão seus ministros. Viviane, minha namorada, que votou nela de corpo e alma, pretende escrever uma carta ou mandar um e-mail a futura manda chuva do país, sugerindo que o ministério a ser montado tenha um toque ou vários toques femininos.
    O Serrote bateu muito, na campanha, na criação de um ministério da Segurança, para acabar com os bandidos de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Salvador, Recife e outras grandes, médias e pequenas cidades brasileiras. Ela só não falou mesmo, nem uma vez, até porque estava muito preocupado com as fronteiras, foi em acabar com os bandidos e malandros que infestam Brasília. Pois a Viviane, vaidosa e superficial como tantas mulheres, acha que em vez de criar uma pasta só pra isso, tendo já as polícias militar, civil, federal e o exército, devia a Dilma Casquete inventar (a expressão é essa mesmo, faz questão de frisar minha deusa) o Ministério da Beleza.
    Segundo o raciocínio de minha amada, com esse ministério seriam exaltados o amor, a paz, as flores, a poesia, os romances (mesmo os da televisão), a sensibilidade, a natureza, o sexo (nunquinha que ela ia deixar esse assunto de fora), os artistas, os pássaros e os animais. O nome certo para ocupar essa pasta, a Vivi não tem dúvidas, é o da Marta Suplicy. Dosando um pouco a peruagem dela, seria “uma puta ministra”, acredita Viviane e sua amiga Marlecy, cabeleireira no bairro de São José.
    Na Casa Civil, depois daquele escândalo todo envolvendo Erenice e seus filhos, marido, cunhados, netos, primos, genros e não sei mais de quantos parentes e aderentes, o amor da minha vida propõe o resgate de Luíza Erundina, uma paraibana foda que anda meio esquecida, mas que teve a petulância de se eleger prefeita em São Paulo e fez um governo porreta, de acordo com Márcia Arruda e mais um bocado de nordestinos que moram na maior cidade brasileira há mais de duas décadas.
    Na educação, está mais do que na hora de indicar uma mulher. Viviane fez uma pesquisa nas cidades de Pernambuco e chegou a conclusão que mais de 90 por cento dos responsáveis por essa área são mulheres. Em quase todo o Brasil é assim: as de saia predominam nas salas de aula, nas diretorias de escola e nas secretarias. Ora bolas, reclama minha bela amante, por que não escolhem também uma mulher para o Ministério da Educação? Ela não tem nomes pra indicar assim, de pronto, mas eliminando a Hebe Camargo, a Xuxa e a Ana Maria Brega, está convencida de que seriam muitas as opções.
    Aqui comigo, como diria Ronaldo, o César, seu Luiz das farmácias e drogarias bem que podia encampar a essa ideia e escrever a “Carta de Garanhuns”. Fazendo sugestões para o ministério e defendendo um nome de nossa terra para ocupar tão honroso cargo. Poderia ser a Edilene Vidraça, a Nelma Branca de Neve ou a Girlane Santinha. Com qualquer uma delas estaríamos bem representados. E o Nordeste ia dar uma levantada daquelas.
    Viviane não tem nenhuma dúvida de que o Ministério da Cultura também deve ficar nas mãos de uma mulher. Já que não se pode nomear outra pessoa de Garanhuns, que não tem tanta força política assim, apesar do prestígio de Zé do Candeeiro e Izaías Régua, uma das muitas artistas que apoiaram a Dilma Casquete poderia ficar com o cargo. A Alcione seria uma ministra de peso, deve estar com uns 150 quilos. De quebra, ainda prestigiaria a raça negra, que já tem até presidente nos Estados Unidos, o que não é pouca coisa.
    Está na hora também de entregar a saúde a uma mulher. Minha namorada raciocina que essas são mais preparadas do que os homens nessa área, pois quando são mães se tornam especialistas em diagnósticos sobre as doenças que surgem nos seus pimpolhos. Entendem como nenhum macho de diarréia, sarampo, tosse braba, piolhos, gripes, resfriados, febres, dores, falta de apetite, manhas e manias e toda sorte de artimanhas que às vezes parecem doenças e noutras vezes são isso mesmo.
    Este cargo poderia ser indicado pelo governador Eduardo do Campo, que entende se interessa para cacete por saúde. Tanto que num mandato só construiu três grandes hospitais na região metropolitana do Recife, quando os outros em 50 anos nem ao menos remendaram direito o Restauração e o Dom Morra aqui de Garanhuns. Lá na capital deve ter uma médica que preste. Pena não poder novamente ser daqui, da terrinha, pois neste caso a gente defenderia o nome da Emília, que tem nome de boneca do Sítio do Pica Pau Amarelo, mas segundo atestam quem conhece seu trabalho é “o cão chupando manga” e faria uma dupla de dois arretada com a Dilma Casquete.
    Nomeando essa meia dúzia de ministras, a presidenta poderia deixar os outros cargos com os homens mesmo. No restante da equipe a Viviane evita opinar. Afinal de contas, não tem voto e nem prestígio, nem sei porque diabos está querendo nomear quase metade dos cargos de primeiro escalão do novo governo.
    - Até que eu queria fazer parte desse governo. Quem sabe quando ela receber minha carta (ou e-mail) ela gosta tanto das minha sugestões que me convoca também para a equipe. Eu vou pra Brasília nem que seja para dar uma melhorada no figurino da Dilma. Nos debates ela vestiu cada roupa, que nossa senhora. Aquilo não se usa nem em Manari.
    Viviane está mesmo empolgada com a primeira mulher presidente do Brasil. Até com as caçolas da Dilma Casquete ela está preocupada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário