Eu estava no Paraguai, comprando umas
mercadorias originais para revender em Garanhuns e cheguei às vésperas do
Festival de Inverno. A tempo de ver o velho Ney rebolar e o velho Caetano
desbundar. Adorei os dois. Quanto mais o tempo passam, mas esses caras cantam e
encantam.
Logicamente, meus 50 leitores no dia em
que voltei a essa agradável e esburacada Garanhuns fui ver logo a Viviane, a
minha eterna namorada, companheira, esposa, amante... O que você quiseram. Sou
completamente apaixonado por essa Gabriela, Cravo e Canela garanhuense, com sua
coxas grossas, seus olhos verdes e seu ais... Deus do céu! Eu nem posso contar
a vocês porquê.
Viviane implicou com Caetano porque ele
não cantou “Sozinho”, esculhambou Elba por ter cantado frevo, detestou Daniela
porque a baiana falou mal dos homens e disse que no Festival o melhor mesmo
foram “os turistas de fora”, Fagner e José Augusto, com suas baladas românticas.
Minha mulher é brega mesmo, o que posso
fazer? Mas eu prefiro ela assim, tão
espontânea de que certas madames que de tão artificiais parecem a Eliabeth
Savala tentando ser engraçada e fazendo de conta que é atriz.
Passado o Festival, com tudo correndo as
mil maravilhas, graças a Santo Antônio, padroeiro de Garanhuns, veio esta notícia
bomba de Ronaldo, o César: O prefeito Izaías Régua vai implodir o pop shop,
fazer com o centro do comércio popular de Garanhuns o mesmo que o governador
Alckmin fez com o famoso Carandiru.
Viviane, metida a saber de tudo sem
entender de nada foi a primeira a fazer barulho. No salão de beleza, no café da
manhã, em plena Avenida Santo Antônio de manhãzinha. “E agora onde vou comprar
minhas calcinhas, minhas calças jeans, meus shortinhos curtos que você tanto
gosta?”. Ela ficou martelando essas perguntas que parece ia acabar o mundo.
“E onde vou comprar capa de celular? E
aqueles pasteis deliciosos acompanhados de coca cola? Ai meu Deus aquelas
coxinhas, lembra que até o prefeito foi comer das coxinhas lá, quando estava
atrás do voto da gente?”, foram outras perguntas da Vivi, chorando pelo pop
shop, que nem é pop nem dá rock.
Expliquei que o prefeito vai aumentar o
mercado, construir mais boxes e conseguir lugar para todo mundo. A avenida vai
ser aberta de modo a melhorar a tal de mobilidade urbana. “A cidade não pode
ficar imobilizada, meu amor”, fiz esse trocadilho com o maior charme, tentando acalmar
a minha delícia.
Ela ficou mais calma e resolveu dar um crédito
de confiança no Iza que não alisa. “Espero que eu não fique sem minhas coxinhas
nem minhas calcinhas”, disse minha amada e não me perguntem se a frase teve duplo
sentido. Quando se trata da Viviane tudo é possível e ela é chegada a uma safadezazinha,
tanto com as palavras, quanto com as mãos.
Por que será que eu fui me apaixonar por essa
mulher de pop shop, digo de Garanhuns? Minha vó tinha razão: a gente não manda no
coração! Até que rimou, não foi?
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