segunda-feira, 16 de maio de 2011

DEU SANTO E SANTA

O timbu caiu na ratoeira. O leão se estrepou na arapuca. Foi assim que santa e santo fizeram a festa no terceiro domingo de maio de 2011.

Os meus quase 24 leitores não sabem, informou agora. Eu e Viviane, minha namorada das noites de inverno (e também de verão) em Garanhuns não gostamos de futebol como outros abestalhados que não pensam em outra coisa.

Torcemos apenas na época da Copa do Mundo, principalmente quando a seleção brasileira tem treinadores simpáticos, como aquele tal do Dunga dos sete anões.

E como todo mundo, nos ligamos em final de campeonato, seja o pernambucano, o paulista ou de Tocantins, deveras emocionante.

Atualmente, com esse negócio de crediário, a casa de minha Vivi ta um luxo. Tem televisão no quarto, na sala, na cozinha e no banheiro.

Uma fica na Globo, outra na Record, outra no SBT e a de plasma ou LCD, nem sei mesmo como é a luxenta, pega 400 canais de TV por assinatura no mais puro e legal sistema de pirataria inventado nos trópicos neste século XXI.

Viviane, mais regional, se trancou no banheiro, vendo a TV Asa Preta e acompanhando as peripécias da cobra e do leão. Roeu as unhas, xingou a mãe do juiz, chamou os jogadores do Sport de veados e no final soltou o grito, como qualquer tricocô que se preze.

Um time sair da série D, com uma folha salarial menor do que a dos contratados da Prefeitura de Caetés vencer o milionário time da Ilha do Retiro. Tem de comemorar mesmo e rir muito.

- Santa, Santa, eternamente santa! – gritava minha deusa, pela casa, como se estivesse louca.

Eu também fiz a festa. O Santo fez um, a trave fez um milagre para salvar o segundo e o Neymar perdeu um gol feito só para não assanhar o cabelo. O mesmo jogador, porém, entrou pela esquerda e soltou um traque. O goleiro do coringão, desligado, pensou que o Ganso tava em campo e engoliu um frango sacramentando a vitória dos meninos da vila. Ainda descontaram no fim, mas não deu tempo. O espírito de Pelé e a alma de Muricy garantiram mais uma conquista ao santo, santo, santo.

Com os santos se batendo, eu e a Viviane tomamos uns copos de cerveja e cada qual comemorava mais a vitória do seu time.

- Agora só falta trazer a Copa de 2014 pra Garanhuns – filosofou minha amada.

- Que é isso Vivi, ta maluca?

- Coisa nenhuma. Depois do campeonato conquistado pelo Santa tudo é possível. Eduardo do Campo e Givaldo sempre calado vão se unir e transformar Garanhuns na arena da Copa. Os times da Europa querem vir tudo pra cá, pensando que aqui é mesmo a Suíça.

- Tu ta delirando, o que mais?

- Náutico vai voltar a ser grande. Seu Luiz já terá deixado a Prefeitura e como bom alvirrubro participará da direção do clube montando um time imbatível. O timbu sairá da ratoeira em 2014 e vou virar casaca.

- E por enquanto?

- Ah! Agora é Santa, Santa, Santa...

Para não ficar sei ter o que dizer eu acompanhei: Santos, Santos, Santos...

Ficamos os dois com cara de palermas, um tempão. Depois, os santos novamente se batendo, deslizamos até o quarto, desligamos a televisão e com pouco jogamos um bolão. Fiz um golaço. E ninguém ficou triste por os dois lados ficaram felizes, como se estivéssemos no paraíso, cercados de anjos e santos por todos os lados.

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