terça-feira, 5 de abril de 2011

A CABRITINHA

Era uma vez um município chamado Ibiara, nos cafundós da Paraíba. Lá, num sitiozinho conhecido como Lagoa Seca, um homem pra lá de seco estava matando a sua fome de amor com uma cabra. Escreveram até que era uma cabritinha, sinalizando que o sujeito, de nome Raimundo, pode ser um perigoso pedófilo. Ou será que fazer sexo com animais, mesmo crianças ou adolescentes, não se enquadra nesse tipo de crime? Se fosse Raimunda, poderia ser pelo menos boa de bunda. Mas como é macho e aprecia as cabritinhas foi denunciado à polícia, preso e terminou sendo ridicularizado na internet. Juro que ao ser informado dessa história edificante meu primeiro pensamento não foi a Viviane, minha cachorrinha bonitinha e gostosinha do bairro de São José. Não, eu pensei de imediato no deputado Jair Bolso Naro, um cabra pra lá de macho que não gosta de safadeza de espécie alguma e por isso anda branco de raiva com a Preta Gil, na opinião do ilustre parlamentar um mau exemplo pra sociedade brasileira. O Bolso Naro acusou até a Pretinha (não confundir com a cabrinha) de gostar de suruba, como se isso fosse a coisa mais ruim do mundo. O deputado, como todo político, tá por fora do mundo real e saca menos ainda do mundo virtual. Essas meninas e meninos de hoje acham a coisa mais normal do mundo ter um ficante, namorar pelado, fazer amor a três, quatro ou seis no motel, e pela internet, com o uso de uma câmera, pinta miséria capaz de deixar ruborizada a finada Maria Gorda.
Milton do Nascimento e Gal de Costas gravaram uma música, há 10 mil anos atrás, e não me pergunte o nome do compositor ou compositora que eu não sei e tô com preguiça de pesquisar nesse tal do Gruude. Sei que a canção tocou nas rádios do Brasil inteiro e o refrão era esse: "Qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor valerá..."
A princípio acho que o autor desses versos está certíssimo. Qualquer maneira de amor vale a pena mesmo. Errado mesmo é o ódio, a inveja, a intriga. Qualquer maneira de odiar, invejar e intrigar é uma droga, uma merda... Não vale a pena.
Mas será que é certo amar uma cabritinha?
Se a Preta Gil faz realmente suruba será que isso está certo?
Na minha modesta opinião (pena que não pude consultar a Viviane para escrever essa crônica de nárdia, quero dizer de escárnio) o Raimundo está errado. A cabra não pensa, não tem juízo feito a gente, não é racional. O tesão da cabra não deve ser por um animal qualquer, se chame ele Raimundo ou Petrovick. A cabritinha deve sentir desejos ou impulsos de ser possuída por um bode ou um cabrito. Então isso está errado, esta maneira de amor não vale a pena. O compositor ou compositora, acredito, se referia ao amor entre homens e mulheres, homens e homens, mulheres e mulheres, estejam eles formando um casal ou uma boa dupla de dois.
Assim, de acordo com a canção do Milton do Nascimento (vamos fazer de conta que é dele) a suruba não é um pecado, não é uma coisa errada, Pode ser um ato de amor coletivo e por isso vale a pena.
Sinceramente, meus 18 seguidores e esporádicos leitores. Estou preocupado com as cabras, as cachorras, as jumentinhas, as vacas. Imagine vocês se dá uma epidemia de Raimundo na Paraíba e o vírus vem pra Pernambuco o que vai ser dos pobres animais.
Sim. Porque não há nada para protegê-los. Existe a Lei Maria da Penha (não confundir com peia), o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei que dá impunidade aos presidentes, governadores,  deputados, prefeitos e vereadores pra roubar o quanto quiser e nunca ninguém é punido. Todos os sacanas, todos os cheira colas, milhares de criminosos grandes e pequenos estão protegidos por alguma Lei. Por conta disso juízes de Garanhuns e do Brasil inteiro estão sentados com a bunda em cima dos processos para proteger as autoridades, para que se cumpra a Lei.
Falta alguém fazer um Estatuto das Cachorras, das Cabritas e Demais Animais Inocentes. Enquanto não se fizer isso eles e elas serão vítimas dos Raimundos, serão estupradas e nem o Bolsonaro levantará a voz para os defender.
O mundo está virado, hoje eu estou triste. Vou pegar a lotação atravessar Garanhuns de canto a canto e nem que seja meia noite encontro a Viviane pra chorar nos seus braços. Revoltado com as Leis, com os Bolsonaro e com os Raimundos. Com pena das cabras e convencido de que existem animais pior do que os animais.
Se a minha namorada quiser eu topo até uma suruba. Desde que não tenha nenhuma cabritinha atrevida no meio. 
E que tudo mais vá pra o inferno!

Nenhum comentário:

Postar um comentário