Ando meio sem inspiração. Culpa da Viviane, que anda meio estressada e me usa como valvula de escape. Essa tal de TPM é pior do que o raio que o parta e quando a minha amada está naqueles dias saia de perto. Fica instável igual a certos políticos do PSDB e tanto pode me agarrar e fazer amor com fúria como me expulsar do quarto porque não suporta meu cheiro.
Pra esquecer minhas desditas vou pra rua comer coxinhas com caldo de cana, numa birosca que tem lá perto do maravilhoso mercado 18 de agosto. Na verdade é desgosto, principalmente quando você passa perto dos banheiros.
No chocolate das sete colinas encontro uma turma de intelectuais politizados. Estão um pouco velhos e cansados, mas todos parecem sábidos e entendem de tudo. Às vezes acho que alguns deles, de tão preparados deviam ser convocados pra o ministério de Dilma ou então para comandar a seleção brasileira, pois Felipão e Parreira não inspiram mais tanta confiança.
Essas sumidades falam de Deus e o mundo: De Sirvino, que está sumido, de Bartolomeu Quichute, que agora tem o status de ser marido da vice, de Luiz Carlos dos Jardins das Oliveiras, de volta ao seu aconchego, na farmácia, e até de Izaías Régua, que ainda não teve nem tempo de sentar na cadeira de prefeito.
Acho sinceramente que no salão do bairro São José, frequentado regularmente pela minha deusa Viviane, mesmo quando está com TPM, a conversa é melhor. Suas amigas não são tão metidas a inteligentes e as mulheres preferem amenidades.
Nada de querer resolver todos os problemas do mundo. Que intesse elas podem ter por Barak Obama, aquele negão dos Estados Unidos? Verdade que acham ele bonitão, mas está tão longe... Mesmo os assuntos de Dilma Cachete ou Luiz dos Inácio não lhes interessa, afinal de contas os homens mandam desde que Deus inventou o mundo e só dá em merda...
Melhor falar da vida de Marlene, que anda traindo o marido, ou de Flor, dando umas escapadas pra um motel nas bandas de São João, enquanto Raildo dá duro na marcenaria, e tem ainda Isadora, de namoro com o vizinho dentro de casa, nas barbas de Dioclécio. Pelo que a Vivi me passa essas conversa de traição são deveras interessantes e ser corno hoje é quase uma questão de honra. Quem ainda não levou uma gaiazinha é mais ou menos como uma mulher virgem, sente-se uma estranha, quase uma extraterrestre.
Quando cansam de falar mal das amigas, trocam ideias sobre as novelas da globo e sobre o mundiçal do Big Brother. Apesar de alienadas, Viviane e sua colegas tiram um sarro da cara do Bial, que acham cada ano mais idiota. "Acho que o programa seria melhor sem ele só abre a boca pra dizer besteira", radicalizou Solange, uma as frequentadoras do salão de beleza do bairro São José. Eu não estava lá, mas não faz diferença, Vivi me conta tudo nos mínimos detalhes.
Assim é essa Garanhuns do buracão, do cachorro quente do Azevedo, do Castelo de João Capão e de outros pontos turísticos. Não tem time no campeonato pernambucano, não tem shopping center, nem trabalho pra todo mundo e assim sobra o que fazer.
Os homens se envolvem com política e futebol, as mulheres preferem as fofocas e assistir missa.
Pra mim tá bom demais, principalmente quando Viviane fica boa, bem humorada e me convida gentilmente para fazer amor. "Ai..."
Não interessa mais o Obama, nem o Eduardo do Campos, as novelas ou o BBB. Entramos numa lua de mel e nossa vida vira música de Roberto Carlos. Estrelas mudam de lugar e chegam perto só pra ver...
Estrelas indiscretas essas, não é mesmo?